segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

NADA QUE SE SAIBA...


Com quantos vaga-lumes será possível
tecer uma noite clara?
Quem sabe, uma lua e meia.
Minguante ou cheia.
Uma rasga-mortalha desgarrada.
Uma noite inteira escura ou enluarada.
Uma coruja solitária.
Uma chuva fina se precipitando numa poça d’água
Quem sabe, uma sombra dupla de gente abraçada
namorando ou se espreguiçando ao longo da antiga estrada.
Uma silhueta de mulher pelada.
Uma chama acesa. Uma ardente fogueira.
Uma viva brasa.
Uma vontade danada.
Ou ainda quem sabe,
tudo o mais que acaso o valha.

Negrume e vaga-lumes.
Profunda escuridão sem uma viva alma.
Nada mais que se diga
ou que se saiba.
Uma quentura.
Uma conversa despudorada.
Um canto estridente de cigarra.
Uma noite escura e solitária.
Um medo de assombração e alma penada.
Uma aventura extrema.
Um arranhão por espinho de jurema braba.
Um frio na barriga.
Um arrepio de pele.
Uma carícia de mulher amada.
Uma utopia desvairada.
Uma insensatez das trevas.
Uma idéia vaga.
Vaga-lumes imitando estrelas,
sonhos alados de pássaros.
Noite clara, bichos noturnos.
Desejos e mistérios
e mais nada.
...............................

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Em Pássaro...

Tu se inflamas
quando o toque suave
logo se transforma em chamas.
E quando me chamas
em flor se aflora,
apagando a brasa

Com borboletas nos olhos
e colibris entre os lábios.
Depois desta mágica...
dizes baixinho
que me amas
e em seguida  voa
junto com a passarada.

Depois disso,
todo o resto é nada.
.................

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O QUE DIZER SOBRE O ANO QUE SE FINDA?

Resta pouco para que este ano se acabe. Com ele se vão também todos os instantes que um dia imaginamos eternos. Assim como os momentos em que fomos  felizes ou que tristemente sofremos além da conta. 
Vão-se também as oportunidades que aproveitamos ou mesmo  que  desperdiçamos pela incoerência das nossas ações e a ausências das nossas  atitudes necessárias.
Vão-se com o ano que se finda, as coisas que fizemos, adiamos ou que deixamos de fazê-las por medo de apostarmos no novo. E tudo o mais que não acreditamos quando foi preciso. As oportunidades que tivemos para sermos autênticos e verdadeiros ao ponto de acreditar na realização  dos  nossos sonhos. 
Quem sabe, a última ocasião em que poderíamos nos permitir  sermos felizes efetivamente. E que por isso, ainda não fomos.
Resta pouco para que o ano vá embora....Quando em cada um de nós ficará apenas, além do vazio de tudo o que poderíamos ter sidos, a sensação ingrata de mais uma despedida, além das lembranças gratas e amargas. Porque todo o resto agora será só saudade... 
Quem sabe, o apagar da velha chama que ardia em nossos corações, mas que não tivemos a capacidade devida para conservá-la acessa dentro de nós.
Mas assim é que é a vida:  Um acontecimentos marcado por tantas idas e tantas vindas. Para a qual precisamos reaprender a cada dia a sermos felizes como melhor nos convêm diante da liberdade que nos anima a viver os dias vindouros. Ou ainda quem sabe, a suportar todas as nossas dores ante a esperança de uma felicidade tantas vezes  adiada e prometida.
O ano se vai, porém a vida continua para os que ficam; a exigir de cada  um, o seu quinhão de suor, paciência e sacrifício. Uma estrada árdua e longa sempre pronta para o caminhar dos que não desistem e, que por isso mesmo, nunca se dão por satisfeitos diante da tentação das coisas fáceis. Os que não se deixaram encantar pelo brilho ilusório dos confetes, nem das conveniências estanques e resignadas.  
Por fim, um belo convite direcionado ao recomeço dos que não fogem à luta...
O ano está prestes a findar. Conosco há de ficar entretanto, a renovação de todas as promessas alicerçadas na esperança de um tempo novo. Como igualmente, a perspectiva de um amanhã radiante a nos encher de grandes motivações de fé, coragem e alegria... como o sol de uma Aurora eterna a iluminar os dias da gente.
Que o ano se vá e que com ele nos venha um ano novo de esperança  e fé; repleto de uma felicidade mais que possível e coletiva.
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JC - Aurora/CE.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Ícaro Menino*

Quando eu era menino, eu tinha um sonho alado.
Queria ser passarinho:
- Tiziu ligeiro, Gola preto, gavião do mato.
Urubu-rei, ben-te-vi, Carcará danado.
Minha vontade era puder voar mais alto 
que o Araripe que tinha ao meu lado.
Queria ser passarinho...
sentir as nuvem entre meus dedos.
Saber se pareciam mesmo 
com o algodão do roçado.
Tudo o que eu queria 
era ter asas e voar,
imitar passarinho.
E ainda, puder enxergar de cima
onde o mundo todo ia dá.
Queria subir ao céu  olhar as coisas do alto.
Perguntar para Deus 
se acaso com ele eu poderia ficar.
Se me permitia nunca mais voltar a ser gente
E se me deixaria em passarinho para sempre 
eu me transformar.
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foto ilustrativa: 
http://www.mundoleitura.com.br/wp-content/uploads/2012/05/icaro21.jpg

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

QUANDO TU FORES EMBORA*

Nem sei mais o que te direi agora
quando senti que nada mais nos espera.
Por isso eu juro:
- Estou vazio das palavras
que  só por conta delas,
tu tanto me amaras
em verdades, utopias e quimeras.
Nada mais me resta.
Foi se embora de mim a ave-inspiração
que dantes animava  a minha condição de poeta.
E se agora, eu não te digo nada.
Nada mais me resta,
Nada mais nos espera
quando, enfim, chegar a hora
de tu ires embora.
Nada mais presta.
Nada me resta,
além deste silêncio prenhe de lembranças
que desde então me habita,
somado à solidão, que como uma fera,
agora me mata, me devora,
me consome e depois vomita.
Sou barco do tempo à deriva.
desiludido poeta
às margens de mim mesmo inerte.
Cansado do mundo
e desta vida
sem sentido e chata
tão sem graça e tão deserta.
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JC - Aurora/CE

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Vontade

Quando a saudade me invade a alma tento resistir para não morrer agora. Desenho-te sem lápis e sem pincel nas minhas memórias cáusticas. Porque nenhuma saudade é pouca, e nada mais me basta. Pois tua lembrança é farta e afora isso, nada mais me importa, além desta vontade ingrata e desta saudade morta. Que como uma tênue faca tanto me sangra o peito, quanto fundo corta, a minha carne fraca. Por isso quanto me dói esta vontade vasta... de tê-la de novo comigo como dantes, para me libertar de vez desta prisão sem porta.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

TANTO QUANTO*

Quanto muito,tenho pouco. Mas o pouco que eu tenho é tanto, que nem preciso e tampouco me preocupo com nada disso. De modo que, se é muito ou se é pouco. Isso é comigo. Posto que o que tenho é tanto diante do que preciso efetivamente Para me sentir feliz o tempo todo, além de me sentir rico o bastante para viver em paz comigo e principalmente, com os outros. Além de imune aos apelos, o egoísmo e a vaidade do mundo. Tenho o que de fato necessito, quer seja muito ou seja pouco o que tenho, é muito mais do que pretendo em meus sonhos. Sou modesto e comedido. Tenho o suficiente para está de bem com a vida e como meu eu profundo. Razão porque o que tenho - convenhamos, é muito e não é pouco. Vivo cada dia novo movido pela consciência holística de tudo o mais que possa transformar o pouco naquilo que nos apraz por dentro sendo tanto e sendo muito. ................ JC - 2014.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

CANSAÇO*


Estou  um tanto quanto  entediado
tanto da vida quanto do mundo.
Nada mais desejo dos sonhos que tive
para mim mesmo.
Há um vazio profundo em meu peito
além de um abismo intransponível em meus caminhos.
Como ainda, em tudo o mais que sinto.
Estou cansado do tédio do mundo
e da mediocridade dos ganhadores e dos vencidos.
Tudo está gregário demais para o meu senso crítico
-  senhores, servos e escravos.
Há lixo demasiado  no gênero humano.
A vida agora  me é um  enorme fardo
pesado demais para os meus ombros
cansados, alquebrados e  feridos
pelas minhas próprias utopias.
Não sei se vou ou se fico.
Sei apenas que o tempo urge
e eu nem conclui o meu Neruda,
tampouco terminei de ouvi
como a última flor do cacto
a minha canção preferida de Chico.
_______
José Cícero - Aurora/2014
foto: JC

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

EFÊMERO...

Nada do que possa ser eterno me atrai,
me cativa ou me comove.
Pois tudo que almejo agora
daquilo que  possa ser para sempre
logo envelhece de repente e morre.
Antes mesmo que eu possa tomar gosto
ou tomar posse.
Amar demasiadamente,
contar com a sorte.
Ou mesmo que eu possa,
quem sabe,
perder este  medo que  tenho
efetivamente,
de tudo que se refere a morte.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

AURORA EM MEMÓRIA: Cel. Francisco Xavier de Sousa 167 anos de morte, 217 de nascimento

Por José Cícero
Nascido na vila de Santa Cruz em Aracati-CE no ano da graça de 1797. Filho do português  Manoel Vieira de Melo e  Maria Ignácia Bezerra. Segundo alguns poucos relatos históricos  foi abandonado pelo pai, que resolveu ir morar em Campos dos Goitacases no Estado da Guanabara-RJ.
Ainda  em Aracati casou-se pela primeira vez(alguns historiadores afirmavam que era apenas amasiado) com  Maria Joaquina Xavier de Sousa(da Silva), com a qual tivera quatro filhos.
Muito pouco se sabe como ficaram os seus rebentos no Aracati: (Agostinho, Alexandre, Elena e Maria Xavier Bezerra).
Rumores davam conta, inclusive de que a tal ‘esposa’ amásia era uma mulher de muitas posses.
Uma vez viúvo resolveu tentar a sorte pelas bandas do Cariri cearense. Mas sem antes ter que empreender viagem ao Rio de Janeiro onde conseguiu ludibriar a então madrasta ficando assim, com a fortuna do pai,  bem como o fizera com a da sua suposta esposa no Aracati.
Uns dizem que ficou viúvo. Outros, entretanto, afirmaram que, motivado por outros interesses  resolveu  pôr  fim ao relacionamento, rumando em seguida para o interior cearense.
Mas o certo é que, de fato, como fez o pai, abandonara igualmente  o Aracati  em favor da Venda d’Aurora possivelmente entre os anos de 1828 a 1831 conforme raros escritos.
O grande fluxo de produtos e  mercadorias caririenses que chegavam ao porto do Aracati fê-lo decidir por tentar a sorte por estas bandas em busca de obter fortuna, inicialmente como comerciante.
A aventura, portanto,  estava apenas começando.
A viagem para o Cariri
Aurora antiga - pintura de Arnaldo das Ingazeiras (acervo JC)
Enfim partira. Primeiro visitou a cidade do Icó na época importante entreposto comercial que interligava o sertão e o litoral. Era por assim dizer, já naquele tempo, uma vila das mais promissoras em se tratando da economia promissora do Ceará. De vez a  mais rica e próspera de toda a região.  
Em 1838, o Crato,  por exemplo, segundo assinalou Gardner, botânico escocês que por aqui passara, possuía apenas um terço do tamanho total da vila do Icó.
Não gostara do lugar. Suas ambições eram bem  maiores do que o rebuliço dos tropeiros e a efervescência comercial daquela vila lamacenta naqueles dias de invernos, além de quente e poeirenta durante as estiagens.
Porém, pelas informações que obteve, o Cariri era um sinal de bonança e de fartura. Ele resolveu vir conhecer de perto. E as fartas águas do Salgado que  ele observava  pelo caminho durante a  viagem, após o riacho do sangue  animavam ainda mais o seu desiderato. Logo chegaria ao seu destino, onde  ansiava construir com unhas e dentes   o  seu “eldorado” interiorano. Coisas que ele não mais esperava do seu Aracati.
E não se arrependeu do que viu, experimentou e viveu... Além de ousado, ambicioso e inteligente, foi também um cidadão de muita posse e  sorte.
E foi justamente isso que   perseguiu por toda a sua vida. Estava determinado a realizar seu grande sonho. Foi  ao encontro da sua utopia.  Seguiu o riscado geográfico do rio caririense, como fizeram os primeiro colonizadores do grande vale. O mesmo rio que, diga-se de passagem, naqueles tempos ainda era perene, correndo o ano inteiro na direção do grande Jaguaribe. Que assim como o audacioso Xavier, também queria ser grande, imenso, ganhar o mundo, virar mar...
Ainda que preciso fosse recomeçar do zero.  Era, como se nota, um homem capcioso e determinado naquilo que realmente acreditava...  
Foi em frente, interior à dentro seguindo as veredas das matas  na direção do Cariri.
Em boa parte logo após o Jaguaribe, margeou o Salgado em seu caminho natural como  faziam por todo o ano os almocreves e viajantes. Avistou coisas novas trocou idéias e dinheiro com os transeuntes que transportavam as riquezas econômicas da  região para o litoral.
Entusiasmado, chegou por fim  na Venda – antigo topônimo da então vila de Aurora. 
Gostou do que viu. Solo bom, água farta. Poucas almas e um mundão de terras propícias para o criatório e lavoura(principalmente cana de açúcar e algodão). Quis saber se ali ainda havia terras devolutas como ouvira falar.
Clima ameno, com ventos aprazíveis vindos do Araripe refrigerados pela Araripe. Matas virgens, calmaria  e águas. Muitas águas... Um claro sinal de fartura como indicativo para uma prosperidade tida como certa. Quase um presente bem ao alcance das mãos. Um verdadeiro oásis quase sem ninguém para tomar conta e fazê-lo produzir a contento pela força do trabalho. 
Eis a fazenda logradouro da Venda d'Aurora.
Um lugarejo já meio famoso, em virtude da conhecida  taberna de comida, de descanso e beberagem da famosa D. Aurora sempre utilizada por  mascates e almocreves.
Pelo jeito, se agradara de chofre, da antiga Venda da fazenda Logradouro.  Parada quase obrigatória para todos os que iam e vinham todos os dias do Crato-Icó-Fortaleza(Aracati). Além de ligação permanente entre os viajantes do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e, até mesmo do Piauí e Pernambuco.
Um bom lugar que ele avaliou como altamente promissor.  Estava por fim decidido. O Cariri agora é uma realidade diante dos olhos e das mãos.
Seu destino estava selado. Uma nova história de vida estava prestes a começar ali. Estava entusiasmado, além de embevecido pelas novas descobertas que o fascinavam a cada dia mais e mais.
Venda d'Aurora: Aquarela de José dos Reis Carvalho(1859)
Assim como os tropeiros reabasteciam suas tropas, o então alferes Francisco Xavier  reabasteceu seus ânimos,  além do seu  sonho de fazer fortuna e se tornar grande entre os poucos da região. Talvez ali mesmo, na Venda que beirava o Salgado  tenha alimentado sua maior utopia. Quer seja a  de iniciar uma vila, uma cidade, bem aos moldes do Icó ou mesmo da sua Aracati que ficaram para trás.
Seu coração se encheu ainda mais de confiança quando conheceu o lugarejo da Venda pela primeira vez sob os auspícios do alferes João Luís Tavares, irmão do seu futuro sogro.
Foi neste momento que provavelmente, conhecera a lendária Aurora – a suposta proprietária da taberna. Dizem que foi a partir daquele instante histórico que se afeiçoou da lendária e controversa mulher. Muito bonita por sinal. Ao certo nada se sabe, além das ilações historiográficas de uns e da discordância de outros.
Neste particular, diria que, tanto a lenda quanto o folclore andam muito próximas do que poderíamos descobrir como verdade a alimentar a imaginação dos homens  em geral  e da histórica em particular. O nascimento do mito dava ali os seus primeiros sinais.
Uma vez no lugar, quis saber quem seriam os donos daquelas terras. Fora informado que as mesmas pertenciam  a um certo padre - Antonio Leite de Oliveira. Um religioso extremamente zeloso com as coisas de Deus e, sobretudo com as suas.
Um sacerdote que pelo jeito não suportava sozinho a solidão daqueles grotões  quase esquecidos de tudo e de todos,  naquele  oco do mundo.  Alguém  que amou, além da conta a humana raça.  Ao ponto  de, na mais  lídima expressão do termo, ter cumprido fielmente a assertiva bíblica que diz: “Crescei e multiplicai”.  Quebrando assim o medievo dogma do celibato.
De modo que, além dos quatro filhos que tivera com a amásia Josefa Leonor da Encarnação para as bandas do Crato, tivera mais outros dois  na rica ribeira da Venda. Quer sejam: o alferes João Luís Tavares e Davi Cardoso dos Santos. 
O Padre Antonio Leite de Oliveira - O Pioneiro:
Antonio Leite de Oliveira era seu nome. Filho de um outro padre, o jesuíta português – Alexandre Leite de Oliveira. Dono de muitas terras nas redondezas da Venda, além dos engenhos de aguardente e rapaduras: Rosário e Canabreiro para as bandas do Crato bem ao sopé das grande serra.
Era por sinal, avô do não menos polêmico e famoso, o padre José J. Teles Marrocos. Foi inclusive, o padre  Antonio Leite de Oliveira  o 12º vigário da paróquia de Missão Velha até o ano de 1805. Além de ter ajudado igualmente  nos trabalhos religiosos da própria Venda, onde  erigiu  na sua fazenda Logradouro um pequeno oratório no qual realizava ofícios,  batizados e casamentos com registros datados já nos primórdios de 1818.
O alferes Francisco Xavier de Sousa  segue sua viagem na direção do Crato:
Faz parada em Missão Velha também observando suas potencialidades e em conversações com os proprietários das terras do lugar. Enfim chegou à vila do Crato. Ficara impressionado com a natureza e as riquezas do lugar, assim como de toda a região por onde passara. Tudo o que viu o impressionou.
No Crato conhecera o tio da sua  futura esposa  o igualmente alferes João Luiz Tavares irmão de Davi Cardoso – filhos do padre, herdeiros do sítio logradouro.
Na pauta, uma suposta  ajuda à Pinto Madeira para a articulação da chamada  ‘guerras dos Pintos’ de 1832.  Em 1831 a convite do padre Antonio Manoel de Sousa, 1º vigário de Jardim se encontra  com Joaquim Pinto Madeira, ocasião em que  discute os preparativos com vistas à  revolução do ano seguinte (1932).  
No mesmo ano em que cegara em Aurora  conhece a filha de Davi Cardoso – Maria dos Santos Cardoso(depois Xavier de Sousa) e logo em seguida a pede em casamento. O que é aceito. Contraem matrimônio.
Rapidamente se fez um  importante  homem de negócios, notadamente como criador de gado, dono de engenho e produtor rural. Além de privar da amizade pessoas importantes da política  e do poder do Cariri à capital.
Queria, além de fazer fortuna, fundar um grande povoado. O que segundo, João Brígido, um dia terminou confidenciando  para um amigo que não seria difícil. Faria uso de uma capela com  missas aos domingos, um comércio de bebidas  e muitas mulheres da vida. Há quem diga que foi exatamente assim que procedeu em seu coluio com a tal D. Aurora.
Polêmicas à parte, o certo é que a antiga Venda floresceu!
Antigo casarão construido em 1831 pelo Cel. Xavier
Do seu 2º casamento com D. Maria dos Santos Xavier – tivera mais quatro filhos. A saber: Aristides Xavier de Sousa( com 15 anos em 1854)  – que após deixar Aurora se tronou o grande patriarca da estirpe Xavier a partir do núcleo genealógico da Ipueiras, distrito de Serrita  no estado do  Pernambuco.
Em seguida,  Antonio Xavier de Sousa 11 anos em 1854, Carminda Xavier de Sousa.
Provavelmente falecida de cólera ainda em tenra idade foi sepultada  em plena caatinga distante do núcleo urbano, cuja catacumba ainda existe até hoje no sítio Tunga a cerca de 6 km da sede.
É provável que a jovem Carminda tenha sido apenas uma das tantas vítimas  da terrível  epidemia de cólera que 1864 se abateu sobre boa parte da região do Cariri(incluindo Milagres, Aurora e lavras).
Catacumba da filha do Cel. Xavier no sítio Tunga de Aurora
O último filho foi  Francisca Xavier de Sousa com 7 anos em 1854. (Mª do Socorro C. Xavier – A saga de um clã Xavier). (Oral: Sr. Vila Gonçalves).
Próximo de 1836 tentou  mudar o nome da então vila de Venda pelo de Xavielina(ou Xavielinda),  mas a proposta não vingou, visto que não caiu no gosto nem dos poucos moradores e, tampouco dos que passavam pelo lugar.
Visão do velho casarão e da igreja matriz de Aurora
Antecedentes Genealógicos:
Com a morte do sogro, torna-se herdeiro da fazenda Logradouro onde edifica um imponente  casarão(1831) – um dos mais importantes da região,  onde residiu até próximo do seu falecimento(1847) quando se mudara para o Crato e depois  Missão Velha onde já residia o seu  1º filho nascido em Aurora Aristides Xavier de Sousa,

então casado com  Maria do Carmo Teixeira natural do Icó.
Casarão onde o cel. Xavier morou em M. Velha antes de falecer no Crato
Na Venda bem ao lado do sobrado, também construiu um oratório fato ocorrido em 1837 em cumprimento a uma promessa feita pela esposa na intenção do Sr. Menino Deus – atual  padroeiro da cidade. 
Com o passar do tempo o  tal oratório se tornou capela e depois igreja matriz.  Que para o seu patrimônio o cel. Xavier  doara cerca de 300 braças de terra. Deste modo é que até  hoje é considerado  fundador ou co-fundador do núcleo urbano de Aurora, ao lado do padre Antonio Leite de Oliveira, por seu turno, avô da sua esposa – Maria dos Santos Xavier de Sousa. Além de Benedito José dos Santos(Preto Benedito) que, com esmolas e a ajuda do próprio Imperador Dom Pedro II,  posteriormente, construir defronte a antiga Venda de D. Aurora a capela dedicada a sua Benedito à margem do rio no lugar “Aurora Velha
Ainda com relação ao cel. Francisco Xavier de Sousa. No conturbado ano de 1841 envia cerca de 100 homens,  reforçando as tropas que combatiam os sediosos do Exu-PE.
Logo se  tornou rico e influentes nas hostes políticas da região e da capital da província. Tanto que chegou alferes, virou coronel e morreu como comandante superior da guarda nacional, cujo documento oficial de posse no cargo é datado de 1844, portanto três anos antes do seu falecimento.
Morreu  como diziam naquele tempo, ‘de passamento’,  ataque cardíaco no dia 19 de julho de 1847 aos 50 anos. O documento relativo ao seu óbito encontra-se ainda hoje nos arquivo eclesiásticos  da igreja matriz  de São José em Missão Velha-CE.  
Sua viúva, porém só veio contrair novas núpcias em 1853  na cidade do Crato com o capitão José Joaquim de Macedo.
Já o filho Aristides após a morte do pai e  depois de residir alguns anos em Missão Velha mudou-se definitivamente para o Pernambuco quando comprara  a uma herdeira de Barbalha,  sob a indicação do coronel Chico Romão(seu compadre) da Serrita as terras   onde fundara a vila de Ipueiras.  Sua primeira esposa havia falecido em 1876.
Estirpe da Família Xavier da Ipueiras  c/ Aristides Xavier ao centro
Na Ipueiras pernambucana casara pela segunda vez com Ana Benigna de Barros  natural de Serra Talhada-PE, falecida em 1893. Aristides Xavier de Sousa(aurorense de boa cepa) o patriarca da Ipueiras faleceu em 1898 na Ipueiras, atual distrito de Serrita-PE.
Foi o cel. Francisco Xavier de Sousa, a partir da antiga Venda d’Aurora, o grande patriarca genealógico dos Xavier na região meridional do Cariri cearense, seguido  na Ipueiras pernambucana pelo seu  filho,  nascido em Aurora -  Aristides Xavier de Sousa.
Descendem por exemplo do varão fundador de Aurora as ramificações familiares: Xavier Pinto, Gonçalves Pinto, Saraiva Xavier, Cardoso de Alencar, Xavier Quezado, , Grangeiro, Santana, Martins dentre outras.
Por tudo isso, há que se dizer, em última instância, que a família Xavier é de fato, uma história que nunca passa...
Nem haverá de passar nunca, posto que se mantêm eternamente viva e pulsante, tanto  na mente, quanto  no coração de todos os seus descendentes onde quer que estejam.
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(*)Bibliografia:
 Aurora, História e Folclore – Amarílio Gonçalves
A Saga de um Clã Xavier - Mª do Socorro C. Xavier
Notícias Históricas de Aurora – Joaryvar Macedo
O Cariri – Irineu Pinheiro
Revista do Instituto do Ceará.
M.Velha: Nossa terra, nossa gente - Célia Magalhães
Algumas Origens do Ceará – Antonio Bezerra
Waldery Ucoa – Anuário do Ceará
Revista Aurora/07
O Araripe
Revista Itayrera
Fragmento:
Renato Braga
George Gadner
João Brígido
Antonio Martins Filho
Napoleão Tavares Neves
Ionney Sampaio
Informações orais.
------------------------------
(*) Por José Cícero -
Escritor, Pesquisador e Poeta
Secretário de Cultura e Turismo
Aurora - CE.
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